A questão do jovem sempre mexe com meu coração sacerdotal, uma vez que vejo em cada jovem um sinal da esperança. Como causa-me alegria, ver jovens que buscam ser melhores, buscam a santidade, lutam por crescer na fé. Porém, tenho notado algo em nossos jovens católicos, algo comum a tantos deles; espécie de vírus que os paralisou espiritualmente. Pior que não crescer é parar onde chegou. Não evitar o mal, deixar de fazer certas coisas, é preciso fazer o bem e promove-lo a cada novo dia. “Se alguém está em Cristo é uma nova Criatura. As coisas antigas passaram; eis que uma nova realidade apareceu” 2 Cor 5, 17. Ser uma nova criatura, isso é verdadeiramente ter se convertido. Quantos de nossos jovens verdadeiramente se converteram?
E por que pensei nesse exemplo? Porque muitos de nossos jovens mudaram de vida, cresceram, procuraram rezar, ler mais, cultivar amizades… E conseguiram isso de fato, porém, ou pararam ai ou até mesmo regrediram. Fizeram ideais altos e belos, mas, que ficaram lá no mundo das idéias. Causa-me muita dor, ver jovens com potenciais parados no tempo. Que vírus é esses? E que atingiu a praticamente boa leva de jovens.
Pior que esse vírus é antigo, e nasce na alma de muitos cristãos. Temos é remédios paliativos, que ajudam nos sintomas, mas não curam o profundo da doença. Os retiros, às vezes funcional como paliativo, motivam, ajudam, criam novos ares, saímos cheios de bons propósitos, porém, seu efeito é de curta duração de 2 a 3 meses, depois ou se repete a dose ou a doença toma conta de todo o ser. Estou cansado de ver meus jovens com essa doença e lhes dar somente um remedinho. Quero jovens curados, jovens sadios, jovens plenos.
Para isso, preciso descobrir que doença é essa? Bem, precisei estudar os efeitos desta doença para achar o antídoto. Veja com atenção os sintomas principais desta doença e verifique se você também não está contaminado:
- Frieza espiritual, que se demonstra na necessidade de estar em todos os retiros, oração inconstante, deixa-me levar pelo meu estado de espírito (se estou bem rezo bem, se estou mal rezo mal).
- Falta de perseverança nos propósitos.
- Preguiça: faz muito tempo que não leio um livro para meu crescimento espiritual.
- Soberba espiritual, onde creio não tenho buscado com freqüência o sacramento da confissão. Busco somente em retiros. Quem sabe até em palestra de retiro que confessar-se é bom, mas, fica somente no discurso, mas não vivo.
- Soberba humana, sou superior aos outros, sou cheio de qualidades, poderia coordenar qualquer coisa no grupo, sou o máximo.
- Tenho dedicado mais tempo para analisar os erros dos outros do que empenhar tempo para fazer coisas novas.
- Tenho rezado muito pouco ou quase nada.
- Não leio semanalmente a bíblia.
- Não tenho mais rezado o terço.
Ao ler esse pequeno esquema, se encontrou algum destes sintomas em você, tenho que dizer que está contaminado. Claro, que mais grave à medida que encontra o maior número deles em tua alma.
Muito rezei e li, até encontrar o nome deste vírus: TIBIEZA. Na teologia espiritual TIBIEZA é a morbidez da alma frente às coisas de Deus. “Porque é morno, nem quente nem frio, estou para te vomitar de minha boca” Ap 3,16. Jovens mornos são jovens do mundo! Chega de jovem morno. “Nossa, já faço tantas coisas.”
Quantos cultivam um coração tíbio, pequeno frente ao eterno. Não pode ser assim, jovem que é coordenador, que caminha em um grupo de jovem por ser cristão não pode ter uma espiritualidade tíbia que oscila com o momento, com o estado de ânimo, em estar com essas ou aquelas pessoas. Tem corações tíbios que não possuem uma espiritualidade própria, a sua espiritualidade vem dos outros, quando os outros vacilam a sua espiritualidade também vacila, se essas pessoas estão, consigo rezar e ser bom, sem eles tudo decai. “Te vomito”!
A tibieza é curada pela maturidade. Precisamos de jovens maduros com espiritualidade madura e constante. E digo isso porque amo meus jovens mais velhos. E quero afirmar isso, depois de ter ouvido da boca de um jovem mais velho na semana passada uma das frases mais infelizes de todos os tempos “eu irei ajudar os jovens mais novos, pois, não adianta ficar sobre quem já foi evangelizado”. Bem, não é uma questão de paralelo, pois, se tem uma coisa que eu fiz esse ano foi investir nos ondinhas mais novos, implantando tantos ONDA’s e visitando outros tantos. Porém, sei o quanto é importante estar com os jovens mais velhos, orientá-los, ajudá-los na caminhada espiritual, orientá-los em seus namoros, discernir suas vocações. E se esse ano pude implantar tantos ONDA’s sem repetir o coordenador, foi porque investi nos mais velhos e acreditei neles. Inclusive esse que falou essa verdadeira bobagem.
Jovem mais velho acorda para vida. Seja fiel a oração diária, busque a confissão, leia e procure crescer na fé, buscar orientações, cresça. Veja onde você está, será que não parou no tempo? Quem sabe cresceu um monte, porém, hoje se encontra estacionado. Quem estaciona faz o caminho inverso. Como é triste ver os outros seguirem adiante e nós parados no meio do caminho!
Não quero do meu lado jovens tíbios, medíocres ou preguiçosos. E por quê? Nosso convívio neste mundo é em vista do céu, quero jovens que no futuro compartilhem comigo o céu! Nossa que meta enorme?!!!!!!!!! Meta menor do que essa eu não aceito. Nosso lugar é o céu.
Não basta evitar o mal, precisamos fazer o bem acontecer neste mundo. Até o fim do ano, que coisa nova e criativa tu vai fazer pelo teu grupo, pela Igreja e por Jesus Cristo?
Pe. Alex Graminho Boardman.
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